sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Atravessando Coisas

Foto Internet

Parei de fumar uns três meses depois de começar no Jiu-jitsu e já faço isso a dois anos pelo menos. Isso foi relativamente bom, pois meu hálito melhorou, tenho mais fôlego e engordei. Não morro mais de Câncer (no sistema respiratório).

Mas o assunto de Hoje é ir e voltar da Rua Augusta de Segunda a Quinta Feira para Lutar Jiu. Parece meio idiota da minha parte, mas isso me ajuda a relaxar. A caminhada até a Rua Augusta me abriu os olhos para o diferente, pelo menos para o que eu considero diferente.

Primeiro que eu passo do Pobre para o Rico mais rápido que um relâmpago e dele de volta para o pobre e as vezes quase miserável. Passo por um hospital, farmácias, casas, apartamentos grandes e outros bem pequenos, passo por guardadores de carro, bares deprimentes, por alunos e aluninhos da Mackenzie por mais bares e mais alunos.

Passo pela PUC e por seus alunos sérios, sérios de mais, diga-se de passagem, isso me cheira a confusão cognitiva. Na Rua Dona Antônia tem um edifício metido a super protegido, com grades, luzes que acendem quando alguém se aproxima, vidro blindado e um Tiozinho na guarita que é de uma simpatia inigualável.

Nem todos os dias passo por lá, pois gosto de mudar o itinerário por medo de ser abduzido. Mas meu primeiro caminho foi por essa rua. Sempre via esse tio na guarita olhando para fora como se algo de espetacular fosse acontecer a qualquer segundo. Eu passava e ele sequer movia a cabeça para me olhar, seus olhos eram fixos num ponto distante.

Quando eu saia da academia passava novamente na frente do tal prédio lá estava o tio de olhos aberto como se fosse um robô ou boneco de cera. Resolvi testar meu poder de "simpatia" mas de leve para ele não me acusar de assédio sexual. Normalmente sou sério, reservado e conciso, tudo por que se eu me distrair acabo chegando a Carapicuíba na melhor das hipóteses.

Mas resolvi mostrar meus lindos e alinhados dentes, não muito, para não parecer falso e nem pouco para não parecer sem graça. O tio Sequer movimentou os globos e na volta não colava olhar para trás e piscar por cima do ombro.

Mas continuei, insistindo nos sorrisos. Já ria para o tio como se fosse a coisa mais normal do mundo, nem esperava mais reação dele. Quando numa bela noite, um frio desgraçado e garoando eu andava todo encolhido para a academia chego na frente da guarita o tio está com o braço esticado e o dedão apontado para cima.

Passei meio sem acreditar, acabei de início nem reagindo, devido ao frio ou ao susto. Ver aquele senhor que nunca mexeu nem os olhos de braço levantado e com um sorrisão na cara me assustou. Parei alguns passos depois da guarita e pensei, "isso não pode ficar assim", voltei e meti a rosto como num susto na frente do vidro e ele já estava sentado e fechado na sua concentração.

Sorri um pouco e como se fosse automático ele levantou o braço e apontou o dedo para cima em sinal de Okay. Fiquei tão satisfeito em saber que consegui de alguma forma cativar uma pessoa através de um vidro, sem contato, sem ele saber de onde eu vim e nem por onde vou. Sai andando, não esqueci o frio e acelerei passo, mas com aquele tiozinho na cabeça.

As pessoas são estranhas, tem gente que encontro desde que cheguei em Sampa e nem por isso me abriu um um sorriso. Será que não tentei. Mas vamos lá enquanto eu poder andar e sorrir para o tio da guarita to satisfeito.


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