quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Brincar de ser Luz


Fazia muito tempo que não sentia o que era diverção de verdade. Impressiona a falta do olhar infantil nas pessoas. Impressões que perdemos pouco à pouco, situações que muitas vezes passam despercebidas e estão tão próximas.

Estava só pensando em um fim sem volta. Um cigarro me fez ir até ao janelão do apartamento. Morar no alto tem suas vantagens. Sem perceber fiquei procurando felicidade na escuridão da cidade. Em uma janela distante percebi luzes brincando na escuridão de um quarto. Remeteu-me ao filme onde os gladiadores do futuro usam espadas laser.

O cigarro ainda queimava próximo aos meus lábios quando vi como é fácil ser feliz e se divertir. Um quarto escuro, uma cama e duas lanternas a felicidade mais honesta dos últimos dias. As luzes amarelas brilharam mais que ouro em vitrine. Duas crianças pulavam na cama, que provavelmente deveria ser de seus pais, pois me lembrei de como era divertido pular na cama dos meus.

Era impossível ouvir algo, uma musica ou mesmo um grito seco de alegria. Mas imaginei um Rockzinho The Smith pra embalar a estória. Dois meninos era o que eu via. Balançavam os braços como se as lanternas fossem o presente que nunca poderiam imaginar. Sonho de cavaleiro ou só fazer desenho de luz na parede. Meu Deus o que eles pensavam?

Até deu vontade de descer do meu quarto bem iluminado e ir em direção aquele prédio a alguns quarteirões. Mas confesso que seria estranho se eu fosse o pai e atendesse o interfone e ouvisse “Vi seus filhos pela janela e gostaria de vê-los brincar de lanterna no quarto mais de perto”. Enfim de repente perdi a oportunidade de fazer uma amizade ou ganhar um olho roxo.

Esse episodio inusitado me tirou do estado de desespero, e me fez pensar “A vida é muito boa, se divertir com uma lanterna é mesmo espetacular, e eu aqui querendo cortar os pulsos com a faca de pão”

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